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FÁBULAS MINORITÁRIAS
Um Triangulo Patológico
Por Mino
27 de Março de 2020
Filispato era um pato feliz. Convivia bem em seu meio e era bonito, ao contrário do patinho feio. Seu único defeito era uma certa tendência que tinha para se apaixonar por galinhas e não por patinhas.
Um dia, ou melhor, certa noite, dormiu com Galineide, considerada por todos os galináceos da região como a Miss Poleiro. Desse romance o que resultou: ... Galineide muitos ovos chocou, e quando os pintinhos nasceram, ninguém desconfiou.
Só o velho galo, chefe do terreiro, foi quem notou uma estranha mania daqueles pintinhos por água. E ao psicólogo da granja os levou, e este afirmou com calma e categoria, que Galismundo não se preocupasse com aquela anomalia, pois tudo não passava de uma simples patologia. Mas, Galismundo não se convenceu com aquela explicação e foi ter com Galineide uma conversação. E afirmou para ela: - Você será uma galinha à cabidela se não me contar a verdade acerca desses pintos. Galineide contou tudo sem esconder o fato de ter ficado com Filispato, naquela noite de lua cheia.
- Você destratou nosso trato e rompeu nosso acordo. Vá pra outro galinheiro, pra ninguém me chamar de trouxa, já que você quiz me fazer de pato!
Galineide foi expulsa, porém não choramingou tristeza. Soube apreciar a beleza que na vida há em tudo e deixando ao largo o passado, foi passear pelo lago em busca de Filispato e de uma nova pastagem, onde pudesse criar pintos-patinhos, uma rara novidade expressa na patológica linhagem, fruto de um novo salto na evolução.
E eles seguiram a tradição de seus ancestrais galíneos. Tinham no coração a mesma linguagem e praticavam a galinhagem, mas como bons patinhos.
E fica aqui a moral da história para que o leitor se alegre: Comprar gato por lebre não é o fim do mundo. Pior é o que fez Filispato ao Galismundo, misturando pinto com pato, que até eu me confundo quando tento pensar a fundo na singularidade do ato.
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